A Associação do Transporte Aéreo Internacional (IATA) divulgou nesta quarta-feira (25), os roadmaps político e financeiro atualizados para atingir zero emissão líquida, contendo análises expandidas e detalhadas, com foco em quatro conclusões principais:
- A transição energética da indústria de transporte aéreo é viável até 2050.
- Os valores de investimentos necessários para atingir esse objetivo são comparáveis aos envolvidos em projetos anteriores de criação de novos mercados de energia renovável.
- O sucesso na transição depende fundamentalmente da união dos formuladores de políticas.
- O tempo restante para unir forças na transição energética do transporte aéreo está diminuindo. Cada ação atrasada é uma oportunidade perdida.
“Os roadmaps político e financeiro atualizados para atingir zero emissão líquida da IATA deixam claro que é possível descarbonizar o setor até 2050, mas também emitem o alerta de que, para atingir este objetivo, todos os grupos envolvidos, principalmente os formuladores de políticas, devem colaborar mais amplamente e agir com maior urgência. Para ter sucesso, precisamos de estruturas políticas e financeiras claras que apoiem as necessidades do transporte aéreo de forma realista e coerente com as mudanças massivas que devem ocorrer simultaneamente em todos os setores econômicos”, disse Willie Walsh, diretor geral da IATA.
O roadmap político enfatiza a importância da continuidade de políticas estratégicas e aborda a necessidade de colaboração global, que vai além do setor de aviação. As recomendações reconhecem que não há uma solução única para todos, e as políticas devem garantir que todos os países participem do futuro mercado global de combustível de aviação sustentável (SAF).
Os destaques incluem:
- É necessária ação imediata para desbloquear as Unidades de Emissão Elegíveis (EEUs) do programa CORSIA para redução das emissões de carbono da aviação internacional e priorizar o SAF entre os de produtos das refinarias.
- Será fundamental manter a continuidade de políticas estratégicas que combinem medidas de incentivo à tecnologia e demanda. Além disso, os governos devem promover mercados transparentes e globais para energia de aviação mais limpa.
- Colaboração transformadora entre governos, o setor de aviação e todos os setores para eliminar barreiras e promover investimentos em novas tecnologias, SAF e infraestrutura, reconhecendo que a descarbonização do transporte aéreo faz parte da transição energética global mais ampla. A criação de método global de contabilização de SAF também é essencial para garantir transparência e evitar dupla contagem dos benefícios ambientais do SAF. Resolver o problema atual de fragmentação nos processos de certificação para SAF e compensações de carbono também deve fazer parte desse esforço.
O roadmap financeiro oferece uma visão detalhada dos investimentos necessários para atingir zero emissão líquida de CO2 até 2050 e os custos para as empresas aéreas da aquisição de novas soluções. Identificar o número de novas biorrefinarias que precisam ser construídas e destacar que sua produção beneficiará a transição energética de todas as indústrias deve ajudar a manter o foco e promover a união entre os formuladores de políticas, que é necessária para a transição bem-sucedida.
Os destaques incluem:
- Média de investimentos anuais necessários: para atingir zero emissão líquida até 2050, o CAPEX médio anual necessário para construir as novas instalações ao longo de 30 anos é de cerca de 128 bilhões de dólares por ano, no melhor cenário, significativamente menor do que a soma total estimada de investimentos nos mercados de energia solar e eólica de 280 bilhões de dólares por ano entre 2004 e 2022. O sucesso seria facilitado pelos governos redirecionando os subsídios dos combustíveis fósseis para a produção de energia renovável, que inclui o SAF.
- Custo anual da transição, ou seja, o custo adicional resultado da aquisição de SAF, hidrogênio e outros aceleradores importantes, é estimado em 1,4 bilhão de dólares em 2025. Em 2050, o custo da transição pode atingir 744 bilhões de dólares, com base na análise da IATA. Esses números destacam a necessidade de velocidade e escala para trazer soluções ao mercado para atingir zero emissão líquida de CO2.
“Os custos e desafios associados à transição energética são grandes, mas as oportunidades são ainda maiores. Os países têm a oportunidade de construir novas indústrias em agricultura e energia, e se beneficiar do impacto do crescimento catalítico do transporte aéreo sustentável. Para concretizar as oportunidades, precisamos que todas as mentes se unam nesta missão, e que todos os formuladores de políticas, organizações multilaterais, investidores, provedores de soluções e a indústria do transporte aéreo trabalhem juntos. Essa colaboração transformadora pode reunir recursos e realizar ações significativas para gerar um impacto maior. É isso que é necessário para entregar uma indústria de transporte aéreo sustentável até 2050”, disse Marie Owens Thomsen, vice-presidente sênior de sustentabilidade e economista-chefe da IATA.
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